O product placement – colocação de produto, é uma estratégia “fantasma” utilizada em muitos dos filmes, séries, músicas que consumimos, que deixa na mente do consumidor uma necessidade inconsciente de adquirir um determinado produto ou marca.
O product placement é uma estratégia de marketing indireto, utilizada há mais de 100 anos, que consiste na introdução natural de marcas, dos seus produtos e mensagens, em conteúdos de entretenimento como: programas de televisão, filmes, séries, jogos, videoclipes, revistas, entre outros.
É considerada uma estratégia “fantasma”, pois a promoção do produto é feita de forma subtil, muita vezes em segundo plano, como, por exemplo, retirar-se algum alimento do frigorífico e ao fundo surgir uma garrafa de Coca-Cola. Esta subtileza pode parecer inofensiva, no entanto, a mente do consumidor retém a informação no seu inconsciente, que mais tarde vai influenciar o seu processo de compra.
Foi em 1919 que surgiu a primeira aplicação desta estratégia, no filme “The Garage”, onde, em várias cenas, se podia observar, em plano de fundo, uma fachada com o nome Firestone. Esta introdução, embora polémica, veio revolucionar a forma das marcas olharem para os conteúdos de entretenimento, passando a vê-los como uma oportunidade de se posicionarem na mente do consumidor.
O product placement pode surgir de múltiplas formas dentro dos conteúdos de entretenimento, permitindo o desdobramento da promoção e a exploração total dos recursos existentes.
Product Integration: acontece quando uma marca, os seus produtos ou mensagens, surgem de forma ativa em conteúdos que não foram criados por iniciativa do anunciante.
Destination Placement: acontece quando um destino turístico se torna parte importante dentro do conteúdo e ganha destaque visual e conceptual.
Easter Egg: utilizado quando aparecem elementos da marca escondidos dentro do conteúdo, de modo que apenas os fãs possam encontrar.
Faux Placement: surge quando existe uma marca fictícia dentro do conteúdo de entretenimento.
Music Placement: é utilizado quando uma música é inserida dentro do conteúdo, tornando-se numa oportunidade de crescimento das mesmas.
Reverse Placement: é a transposição de marcas fictícias, que surgiram dentro do conteúdo, para o mundo real.
A forma de consumir conteúdo e, consequentemente, a forma de comprar produtos tem sofrido alterações consideráveis com o passar do tempo. Isto reflete-se na impaciência que o consumidor tem em passar um anúncio à frente ou na distração frequente do mesmo quando surge publicidade na televisão.
Para aprofundar este tema, podes ler o nosso artigo sobre uma nova perspetiva do funil de vendas.
Com a perda de força dos anúncios tradicionais, as marcas necessitam de se reinventar e de chegar aos seus consumidores de forma diferente, criando e despertando sentimentos e conexões mais fortes entre a marca e os mesmos. Uma das mais utilizadas é a associação das marcas a personagens, sentimentos felizes ou a momentos felizes impactantes num filme, ou série.
Existem várias vantagens que advêm da utilização do Product Placement numa estratégia de uma marca, como:
• Ganho de visibilidade, pois a mesma vai surgir várias vezes no conteúdo e permanece no mesmo de forma intemporal. Se, por exemplo, for num filme, aquela marca perdurará no mesmo para sempre.
• Excelente custo-benefício, pois esta é uma estratégia que, embora de elevado custo, gera um retorno maior que o investimento.
• Aumento da relevância, devido à associação da marca, dos seus produtos e como estes são utilizados, a sentimentos positivos e impactantes.
• Prova social, que ocorre quando o consumidor sente a necessidade de adquirir determinada marca, pois na sua série/filme preferido, ou a sua personagem preferida utiliza a mesma e assim, o consumidor sente-se parte de algo maior ou inserido num determinado grupo social.
Série “La Casa de Papel”, na Netflix
Nesta série, a cerveja Estrella Galicia surge em diversos momentos de convívio, associados a celebrações e ao sentimento de felicidade partilhado pelas personagens da mesma. Esta ação integra o plano de expansão da marca, cujo objetivo é ser reconhecida fora da Europa.
Série “Stranger Things”, da Netflix
Aqui a personagem principal contracena inúmeras vezes com a marca de panquecas Eggo, destacando-se como a sua comida preferida.
Série “Emily in Paris”, da Netflix
Na série, a história é desenvolvida em torno da mudança da personagem para Paris, sendo este, um exemplo de destination placement.
Marca “Duff Beer”, da série “Os Simpsons”
Este é um caso ilustrativo de reverse placement, pois na série surge uma marca de cerveja, a Duff Beer, que, mais tarde, surgiu no mundo real.
Estes exemplos são prova de que o product placement pode ser aplicado de diversas maneiras e, mesmo que de forma subtil, geram impacto na mente do consumidor.
Esta estratégia está em todo o lado e é uma aposta cada vez mais recorrente das marcas.
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