A psicologia das cores é fundamental para a composição do layout do produto, para direcionar, para causar impacto e estimular o consumidor num determinado sentido.
A psicologia das cores pode ser explicada através do efeito das cores no comportamento humano, isto aplicado a todas as ações que temos, consciente e inconscientemente, no nosso dia a dia.
A psicologia das cores pode alterar de pessoa para pessoa, por estar associada às emoções e pela forma como as interpretamos. No entanto, existem muitos pontos em comum que são utilizados no design e no marketing que levam o ser humano a sentir um determinado sentimento ou a ter uma certa ação.
Não é ao acaso que a McDonald’s tem-se apresentado cada vez mais de verde e amarelo, que a Netflix comunica a vermelho ou que o Skype sempre teve a sua imagem em azul. Estas marcas, assim como muitas outras, estruturaram a sua comunicação gráfica através da psicologia das cores.
No branding, a paleta de cores escolhida para representar a marca deverá ser pensada como um todo, de forma a refletir a 100% o objetivo da marca, impactar o seu público alvo e o que pretende transmitir.
Diariamente tomamos decisões que nos parecem ser feitas ao acaso e de forma inconsciente, mas, na verdade, na sua maioria somos influenciados pela psicologia das cores que nos são apresentadas no momento de tomar uma decisão.
Algumas das decisões que tomamos são, obviamente, muito conscientes e com prós e contras ponderados, mas na sua maioria são inconscientes, ou seja, são tomadas pelo nosso cérebro sem que demos conta.
É aqui que entra a psicologia das cores e o impacto que esta tem na nossa vida. Por exemplo, quando navegamos numa página web e nos é apresentado um alerta a vermelho, automaticamente o nosso cérebro encara-o como um perigo, algo a que deveremos ter atenção e que é transmitido como “urgente”. Se essa notificação fosse apresentada a verde, ou a preto, já não teríamos a mesma reação, podendo até ignorá-lo.
Na ótica do marketing este sentimento de alerta e de urgência na ação é muitas vezes utilizado quando queremos criar pressão do utilizador, para que este tome uma ação por impulso, por exemplo.
Cada cor transmite um sentimento específico apenas por associação. Existem emoções positivas e negativas que atribuímos a cada cor e é essa associação que nos faz, por exemplo, optar pelo produto A em vez do produto B.
Queres saber mais sobre o papel das emoções na razão por que compramos? Recomendamos que leias este artigo: O que nos faz comprar?
Dependendo da tonalidade de azul, esta é uma cor frequentemente utilizada em marcas corporativas, muito ligada a também negócios na indústria da tecnologia. As plataformas de redes sociais Facebook, LinkedIn e Twitter são um exemplo disso, tal como a Samsung e HP na área da tecnologia.
O azul tornou-se uma cor característica destas áreas por transmitir lealdade e estabilidade àqueles que a encaram. Também está frequentemente ligado a sentimentos de tranquilidade, harmonia e calma, por nos remeterem para a tranquilidade do mar e do céu.
A cor verde está automaticamente associada à natureza, sendo utilizada normalmente nas marcas para simbolizar aspetos como a sustentabilidade e a ecologia. O número de marcas que alteraram a sua comunicação para verde nos últimos anos tem crescido, posicionando-as como sustentáveis e preocupadas com o ambiente.
O verde está também ligado ao crescimento e vitalidade se for utilizado num tom mais vibrante, como no caso do Spotify. No caso do McDonald’s como referido anteriormente, o objetivo da marca é posicionar-se como uma opção mais saudável e natural, afastando-se da ideia pré-concebida da cadeia de fast food.
Tal como o vermelho, o amarelo é também uma cor de alerta. Como os nossos olhos processam naturalmente primeiro estas cores, são uma ótima escolha quando se quer captar a atenção do utilizador.
Para além se ser uma cor naturalmente associada ao cuidado e alerta, está também muito conectada ao otimismo e calor, como utilizado na comunicação da marca Licor Beirão. No branding é muito utilizada na sua vertente mais positiva, quando queremos comunicar uma marca mais vibrante e alegre.
Como mencionei anteriormente, o vermelho é mundialmente associado a sinais de alerta e de urgência, como é exemplo o sinal de STOP, que nos incentiva a parar, ou as campanhas de saldos que nos impõe urgência na compra.
O vermelho é assim uma cor de extremos que, ou comunica raiva, alerta e urgência, ou romantismo, sedução, amor e desejo.
Embora o rosa esteja tipicamente associado ao feminino e fofo, esta ideia está a ser gradualmente desmistificada através do uso progressivo da cor em marcas não femininas.
A cor rosa é frequentemente associada à brincadeira, diversão e leveza. Os seus tons brilhantes como o magenta ou fuchsia são menos alarmantes que o vermelho.
Marcas como a Barbie, a Benefit e a Vitoria’s Secret, utilizam o rosa como cor predominante, o que sustenta a associação do rosa ao feminino.
No entanto, existe um aumento desta cor em marcas tecnológicas, como o logótipo da Invision e a Lemonade, cujo esquema de cores é composto por preto, branco e um tom marcante de rosa choque.
Na psicologia das cores, a cor roxa simboliza luxo, realeza, nobreza e sabedoria. É, também, frequentemente associado à magia, ao mistério e ao sobrenatural. Isso pode ser justificado pela grande ausência desta cor na natureza.
O roxo é uma cor pouco vista no marketing e nos brandings de grandes marcas, no entanto, a Cadbury, marca mundialmente conhecida de confeitaria, utiliza esta cor no seu logótipo desde o início do século XX.
A utilização desta cor posiciona a marca como de alta qualidade. Desde esta aplicação por parte da Cadbury, também a Milka e a Nestlé têm vindo a adotar o roxo.
O preto é muito utilizado na sua maioria para comunicar produtos de luxo, sofisticados e clássicos. Transmite-nos a ideia de elegância, sofisticação e poder.
No branding, o preto é uma das cores mais utilizadas pelas grandes marcas, com a intenção de tornar o logótipo clean e intemporal. Quando é trabalhado com outras cores torna a marca muito versátil.
O branco é a cor que reflete inocência, pureza, bondade e renascimento. É uma cor neutra que permite que aos nossos olhos descansarem, e é por isso que é amplamente utilizada, por exemplo, em design de interiores e web design.
Esta é uma cor fortemente associada, na cultura ocidental, ao amor e à pureza, por exemplo, nos vestido de noiva, no entanto, na cultura asiática, é utilizada durante o luto para simbolizar o renascimento.
A cor castanha é a cor ideal para criar um tom natural e terroso, por ser a cor da madeira, areia, lama e tantos outros elementos da natureza. Estas associações, levam a pessoa a percecionar a cor como quente, reconfortante, que transmitem segurança e confiança.
Tons claros e naturais de castanho, como bege e creme, são frequentemente usados na decoração de interiores hygge para criar uma atmosfera limpa e minimalista.
Relativamente ao marketing, temos como exemplo a Louis Vuitton, que utiliza castanho na sua identidade visual, transmitindo intemporalidade.
Há um enorme número de emoções ligadas a cada cor e se prestarmos mais atenção às nossas escolhas do dia a dia entendemos o porquê da sua origem.
A escolha da paleta cromática de cada marca vai muito além daquilo que entendemos que fica melhor ou que está mais nas tendências. Se tivermos em conta aspetos como o objetivo da marca, o público alvo e o seu posicionamento e fizermos a escolha cromática com base nesses pontos e na psicologia das cores, o sucesso da marca será garantido.
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